Percorre-se o Caminho de Santiago de Compostela partindo-se quase sempre, aliás, como fazem a grande maioria dos brasileiros, do sul da França, mais precisamente de Saint-Jean-Pied-de-Port, rompendo intermináveis vales e duríssimas montanhas e galgando passo a passo, aproximadamente 820 quilômetros, até atingir as escadarias da igreja do Santo Apóstolo.
Estas são as principais informações e aprendizados de que dispõe o futuro peregrino antes da partida. A fase preparatória física, o tempo de planejar cada dia de caminhada, o momento de se fazer a escolha dos albergues, do tempo da partida e da chegada, da distância a ser percorrida, etc. Uma logística simples, é verdade, mas capaz de nos fazer insones por noites a fio.
Paralelamente outro Caminho se busca trilhar na alma de cada um: o desejo do autoconhecimento, o ato de peregrinar com fé, despojado das futilidades do cotidiano e sem os medos que costumeiramente nos assaltam ao longo das nossas vidas.
É compreensível que as respostas demorem a chegar e de certeza apenas a de estarmos mergulhados num labirinto de interrogações, perdidos num emaranhado de conflitos e de incontáveis “por quês”, muitas vezes tentando racionalizar o espírito quando na verdade o que desejamos e carecemos é libertar o emocional, deixar que os sonhos fluam naturalmente como deslizam os rios em direção ao mar e ter a esperança de que as inquietações da alma, terão no seu tempo, as respostas que tanto buscamos.
Chegará o momento em que se aquietará o coração e nos sentiremos trilhando os Caminhos físico e espiritual e libertos da escravidão que nós próprios nos impomos.